sábado, 14 de maio de 2011

O tocador de cítara

O Tocador de Cítara 

Saint-Germain 



O objetivo da vida material é distorcido pela visão de que as formas densas se constituem unicamente em fontes de prazer, além de serem instrumentos necessários à vida em todas as suas circunstâncias telúricas. 

O que a grande maioria desconhece, no entanto, é que a matéria representa o palco primário imprescindível à evolução do espírito. Sem ela não seria possível a construção de referências que ensinam, que não poderiam ser formalizadas inicialmente em condições puramente abstratas. 

É o mesmo que ocorre com uma criança em idade pré-escolar. Se começássemos a lhe ensinar filosofia ela ficaria imobilizada em seu raciocínio, nada assimilando em termos de conhecimento. Porém, se colocarmos à sua disposição pequenos objetos em vários formatos, que possam ser montados em seqüência lógica, complementando-se pelas cores e formas adaptáveis, torna-se mais fácil o seu aprendizado. 

Foi o que ocorreu, por exemplo, quando Siddartha Gautama observou o trabalho do tocador de cítara. Quando as cordas da cítara estavam soltas não era possível utilizar o instrumento. Mas, por outro lado, se as cordas estivessem muito esticadas o som não se propagava devidamente. Era necessário o meio termo, que ele denominou por analogia de caminho do meio: o equilíbrio indispensável à evolução do espírito. 

Sendo assim, a idéia abstrata do caminho do meio surgiu pela observação de uma forma densa. Por isso a encarnação é necessária, para que as formas primárias da matéria proporcionem ensinamentos em relações lógicas e analogias, despertando o raciocínio e a mente abstrata, que se constitui na essência do mundo espiritual. 

As encarnações estão repletas desses ensinamentos simplórios que partem de várias situações pela observação da matéria e dos fenômenos físicos. Pela analogia, meditação e estudo, são encontradas referências facilmente adaptadas à vida, as quais se tornam grandes ensinamentos a exemplo da observação da cítara afinada. 

Os desastres naturais que atingem a Terra no momento também trazem dois aspectos importantes: aviso e meditação. Em primeiro lugar eles se constituem em avisos de que algo não vai bem porque existe forte desequilíbrio, cuja continuidade conduz à destruição. 

Em segundo lugar, o alarme incita à meditação, que identifique qual a causa de tais desequilíbrios. O que abre a janela para raízes estruturadas nas imperfeições humanas. Fenômenos naturais extremos refletem atitudes humanas extremas, tais quais as cordas desajustadas que não permitem o uso adequado da cítara. 

O espírito encarnado, assim, deve ajustar as “cordas” do corpo denso que habita, de modo que a busca pelo equilíbrio produza o “som” que justifique a existência do instrumento. Tais sons, entretanto, intangíveis para o homem da Terra, enriquecem a mente do espírito em sua caminhada etérea, cada vez mais distante da matéria. O que faz da mente evoluída uma entendedora da abstração que a envolve, caminho para descobrir novas referências no infinito de Deus.

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